domingo, 27 de fevereiro de 2011

Da série: Uma carta aos domingos

Aproveito o último domingo de fevereiro para rebatizar a série "Pequenas traduções..." de "Uma carta aos domingos". A proposta segue sendo a mesma apresentada no post que inaugurou a série "Pequenas traduções...": traduzir em ritmo de conta-gotas trechos significativos da correspondência de Nietzsche, trechos que iluminem seu percurso intelectual (relativamente tumultuado) e permitam uma compreensão de sua intrincada personalidade filosófica. A ideia é que nossas discussões envolvam tanto as soluções de tradução propostas quanto as especulações sobre o significado e a revelância do conteúdo da correspondência para a compreensão daqueles aspectos que eu mencionei acima. "Uma carta aos domingos" como um novo título para a série "pequenas traduções..." tem o sentido de um convite/desafio endereçado aos colaboradores/e leitores do blog para mantermos uma continuidade de trabalho e discussão ao longo do ano em torno da correspondência de Nietzsche. De hoje até o final do ano teremos 43 domingos, o que representa um volume nada desprezível de cartas. Convido todos a exporem suas traduções "caseiras" neste espaço de compartilhamento da pesquisa, justamente para que elas deixem se ser caseiras e passem a habitar um outro espaço, o da discussão pública. Temos a alegria de reinaugurar esta série com uma contribuição do prof. Ernani Chaves, de quem roubei a expressão "tradução caseira": uma carta de Nietzsche a Wagner, datada de 18 de abril de 1873, precedida das considerações de Ernani sobre a relevância da mesma. A carta apresenta Nietzsche na inusitada posição de total submissão a Wagner, inusitada para aqueles que estão familiarizados com a defesa incondicional da independência e liberdade espiritual que compõe a atmosfera da filosofia nietzscheana a partir justamente de sua ruptura com a figura do mestre. Segue o texto do prof. Ernani, assim como sua proposta de tradução:

A carta de Nietzsche a Wagner, cuja tradução vem em seguida, é uma das mais importantes deste período da vida de Nietzsche. Isso porque ela foi escrita após uma das visitas que Nietzsche fez a Wagner em Bayreuth. Desta feita, próximo à Páscoa de 1873, em companhia de Erwin Rohde. Naquela ocasião, Nietzsche levou consigo um manuscrito, que leu para Wagner e Cosima: tratava-se de um novo livro, sobre os filósofos pré-platônicos. Wagner não gostou nada do que ouviu, pois as idéias de Nietzsche expressas neste novo livro contrariavam, frontalmente, aquelas que tinham sido expostas no Nascimento da Tragédia, dois anos antes e que tanto haviam contribuído para o “idílio de Tribschen”. Nenhuma valorização do mito, pelo contrário, Nietzsche interpretava os pré-platônicos a partir da ciência que lhe era contemporânea, atribuindo a esta um valor que o Nascimento da Tragédia havia recusado. O manuscrito já não continha mais nenhuma “metafísica de artista” e dessa maneira, não trazia nenhuma contribuição para a renovação da cultura que o programa wagneriano pregava. Em outras palavras, tratava-se de um Nietzsche, já neste momento e sem talvez que ele tivesse plena consciência disso, anti-Bayreuth.

Ora, mas o que lemos na carta de Nietzsche é um impressionante pedido de desculpas, uma ainda impressionante veneração a Wagner, um Nietzsche que se apresenta como um “discípulo” (Schüler) de pouca capacidade. O resultado: ele abandona a idéia de publicar o manuscrito e seguindo uma sugestão do próprio Wagner imediatamente iniciou a série das “Extemporâneas”, atacando justamente David Strauss, um dos opositores de Wagner. Ele pretendia ser livre e autônomo, mas tudo tinha sido em vão, escreve ele na carta. O livro sobre os pré-platônicos jamais foi publicado por Nietzsche. Deste material, além dos inúmeros fragmentos póstumos, conhecemos o manuscrito das “Preleções” sobre o assunto, ministradas na Universidade da Basiléia e o texto, mais conhecido, “A filosofia na época trágica dos gregos”, que não é uma pura e simples “cópia” das “Preleções”.

Para os que quiserem compreender mais ainda a importância estratégica desta carta, sugiro a leitura de Paolo D’Iorio, “L’image des philosophes preplatonicienes chez le jeune Nietzsche”. In: Borsche, T., Gerratana, F. und Venturelli, A. (Hrs.), ‘Centauren-Geburten’. Wissenschaft, Kunst und Philosophie beim jungen Nietzsche. Berlin/New York: Walter de Gruyter, 1994, pp. 383-417. Paolo D’Iorio também publicou, na França, uma edição crítica das preleções de Nietzsche sobre os “filósofos pré-platônicos”. A tradução abaixo, ainda no estado de “caseira”, também está em discussão.

Ernani Chaves

Carta a Richard Wagner, em Bayreuth. (KSB, 4, pp. 144-145).

Basiléia, 18 de abril de 1873.

Honrabilíssimo Mestre,

Vivo pensando constantemente nos dias passados em Bayreuth e tudo que aprendi e vivenciei de novo lá em tão curto tempo se espraia diante de mim com plenitude cada vez maior. Se o senhor não pareceu satisfeito com minha presença, o compreendo muito bem, sem poder mudar alguma coisa, pois aprendo e percebo muito devagar e vivencio a cada momento ao seu lado algo sobre o qual jamais havia pensado e o meu desejo é fixá-lo em minha memória. Sei perfeitamente, caríssimo Mestre, que o senhor não pode descansar com uma visita assim, que por vezes deve ser insuportável. Desejei a mim mesmo, no mínimo, com muita freqüência, a aparência de uma grande liberdade e autonomia, mas foi em vão. Enfim, peço-lhe, tome-me apenas como discípulo, possivelmente com a pena na mão e o caderno diante de si, além disso, como discípulo com uma capacidade muito lenta e pouco versátil. É verdade que fico diariamente muito melancólico, quando sinto, com razão, o quanto gostaria de lhe ajudar em alguma coisa, de ser-lhe útil, e o quanto sou totalmente incapaz disso, de tal modo que possa contribuir, pelo menos uma vez, com algo para sua distração e entretenimento.

Ou, talvez, mais uma vez, se falasse que agora mesmo tenho entre as mãos um escrito contra o conhecido escritor David Strauss. Há pouco percorri o seu “antigas e novas crenças” e me admirei tanto da obtusidade e vulgaridade do autor, assim como do pensador. Uma bela coletânea de ensaios estilísticos do tipo mais abominável deve mostrar publicamente, o quanto isso diz respeito a esse pretenso “clássico”.

Em minha ausência, o escrito de Overbeck, meu companheiro de casa, “sobre a cristandade de nossa teologia”, ficou bem adiantado, ele tem um caráter bem ofensivo contra todos os partidos e é, por outro lado, tão irrefutável e tão sério, que ele também, após a publicação do livro deverá ser proscrito, como alguém que, segundo a expressão do Prof. Brockhausen, “arruinou sua carreira”. Pouco a pouco, a Basiléia torna-se, com razão, escandalosa.



domingo, 20 de fevereiro de 2011

Da série: pequenas traduções...

Dando prosseguimento à ideia de postar traduções de trechos da correspondência de Nietzsche que sejam representativos de seu percurso filosófico e de sua personalidade intelectual, tomo a liberdade de me antecipar ao post do prof. Ernani Chaves e expor à apreciação dos leitores trechos de algumas cartas escritas por Nietzsche entre agosto de 1866 e outubro de 1868. Boa parte de sua formação acadêmica ocorreu neste período; estes foram os anos em que Nietzsche adquiriu, se não a sensibilidade, certamente a habilidade técnica para o exercício profissional da filologia clássica. Incentivado por seu mestre Ritschl, Nietzsche funda, juntamente com alguns colegas, uma sociedade filológica que se reúne com grande assiduidade para discutir seus primeiros ensaios filológicos. Nietzsche se destaca no campo da pseudoepigrafia (um conjunto de técnicas filológicas para a detecção de falsas atribuições de autoria nos textos legados pela tradição) e faz neste domínio o seu primeiro grande aprendizado da arte da suspeita, que vai culiminar no seu ensaio sobre as fontes de Diogenes Laércio, estudo que vale a ele a indicação precoce para a Cátedra da Universade de Basel. Dois eventos marcam simbolicamente o término deste período de formação: seu encontro pessoal com Richard Wagner em Leipzig (novembro de 1868) e a referida designação para a Cátedra de Filologia Clássica na Universidade de Basel (em fevereiro de 1869). Embora Nietzsche se ocupe academicamente de filologia clássica, parte significativa de sua correspondência neste período testemunha o seu interesse crescente por questões relacionadas à filosofia (seu primeiro encontro com a obra de Schopenhauer teria ocorrido casualmente em outubro de 1865) e às ciências naturais (despertada ou intensificada pela leitura de F. A. Lange ainda na primeira metade de 1866) e ao entrecruzamento entre estas duas atividades.
Nos trechos da correspondência selecionados abaixo chama atenção a influência programática exercida por F. A. Lange sobre o jovem Nietzsche, que se revela tanto em seu interesse por uma investigação científica das questões tradicionais da epistemologia, quanto na sua compreensão da natureza das convicções filosóficas, que neste momento ele parece situar no campo exclusivo da fabulação conceitual (Begriffsdichtung) para fins de edificação (Erbauung). Neste terreno, Nietzsche entende que o sucesso de um sistema filosófico não deve ser buscado em suas credenciais epistêmicas, mas em seu efeito terapêutico sobre o indivíduo. Esta convicção fornece um interessante contraponto à visão rigorista expressa por Nietzsche na descrição feita à irmã do seu entendimento dos compromissos essenciais que caracterizam o ethos da vida científica, pautada por uma consideração exclusiva da verdade e por uma impiedosa crítica de todas as crenças que não dispõem de evidência ou fundamentação. Aqui há uma primeira grande tensão na personalidade de Nietzsche, e a reconciliação, baseada na distinção de funções (cognitiva e edificante), é menos óbvia do que pode parecer à primeira vista. Creio que há pelo menos duas razões que farão com que esta reconciliação formal entre o compromisso com os valores epistêmicos (cultivados pela consciência intelectual) e o compromisso com os valores edificantes (associados à visão de mundo proposta pela filosofia) pareça artificial aos olhos de Nietzsche pouco tempo depois de sua formulação: (1) a forma de vida filosófica se define por algum tipo de compromisso com a integridade intelectual e com a busca da verdade, e não apenas pela busca individual da vida boa; (2) a responsabilidade filosófica não é apenas e fundamentalmente com o cultivo da vida boa individualmente concebida, mas com o destino da cultura. Esta responsabilidade pelo destino da cultura exige da metafísica que ela seja um discurso edificante e culturalmente persuasivo. Sua visão de mundo deve poder ser social ou culturalmente legitimada; há condições que devem ser levadas em conta para o aferimento do sucesso de uma filosofia como fabulação conceitual para fins de edificação que não se limitam aos seus efeitos sobre um indivíduo particular em sua relação com o mestre. Nietzsche toma consciência desta dimensão política da atividade filosófica em seu contato com Wagner e em sua adesão ao seu projeto de reforma da cultura. A frequentação do meio wagneriano faz vir à tona um outro traço de sua personalidade filosófica: seu destacado ativismo cultural, que na sua forma mais exacerbada se manifesta em termos de um verdadeiro platonismo político (cuja proposição básica encontra-se em Para Além de Bem e Mal, na tese de que todo autêntico filósofo é também legislador e que a ele cabe a responsabilidade pela definição da hierarquia de valores de uma época).
Nos trechos da correspondência abaixo, ainda está ausente este ímpeto intervencionista. A tensão entre efeito terapêutico do discurso edificante e o imperativo da consciência intelectual é igualmente ignorada por Nietzsche, em detrimento da consciência intelectual, ao que tudo indica. As dificuldades relativas às condições da exequibilidade prática do programa langeano de uma metafísica concebida como fabulação conceitual para fins edificantes só se tornarão visíveis na medida em que a tarefa da edificação for pensada como parte de um programa mais amplo de reforma da cultura, ou seja, somente após o encontro de Nietzsche com Wagner e de sua conversão ao seu ideário cultural.
Com vocês o jovem Nietzsche:


Carta enviada de Naumburg ao amigo Carl von Gersdorff em fins de agosto de 1866:
"[...] Devemos mencionar por fim Schopenhauer, a quem eu continuo aderindo com a mais irrestrita simpatia. O que ele representa para nós tornou-se realmente claro para mim apenas recentemente, e isso através de um escrito notável e muito instrutivo ao seu modo: História do Materialismo e Crítica de seu Significado para o Presente, de Fr. A. Lange, 1866. Estamos aqui diante de um cientista natural e um kantiano altamente esclarecido. Seus resultados podem ser resumidos nas três proposições seguintes:
1. o mundo sensível é o produto de nossa organização.
2. nossos órgãos visíveis (corporais) são, assim como todas as demais partes do mundo dos fenômenos, apenas imagens de um objeto desconhecido.
3. deste modo, nossa verdadeira organização permanece para nós tão desconhecida quanto as verdadeiras coisas externas. O que temos sempre diante de nós não é senão o produto de ambas.

Não
apenas a verdadeira essência das coisas, a coisa em si, é desconhecida para nós; também seu conceito é nada mais nada menos que o último rebento de um contraste condicionado por nossa organização, do qual não sabemos se conserva algum significado fora de nossa experiência. Disso resulta, pensa Lange, que os filósofos não devem ser importunados na medida em que nos edificam. A arte é livre, também na região dos conceitos. Quem pretenderia refutar uma frase de Beethoven e acusar de erro uma Madonna de Rafael?— Como você pode perceber, o nosso Schopenhauer resiste mesmo a este mais rigoroso ponto de vista crítico, ele se torna quase ainda mais valioso para nós. Se filosofia é arte, então que Haym se anule diante de Schopenhauer; se a filosofia deve edificar, então eu pelo menos não conheço nenhum filósofo que edifique mais do que nosso Schopenhauer." [KSB, 2: pp. 159-160: nesta carta ao amigo von Gersdorff Nietzsche retoma com pequenas variações algumas das conseqüências filosóficas extraídas por Lange de sua própria narrativa e expostas na seção dedicada ao estudo do significado de Kant para o debate em torno do materialismo. Os trechos que foram retomados por Nietzsche encontram-se nas páginas 268-269 da primeira edição de sua obra História do Materialismo. As três proposições a que Nietzsche se refere são também do próprio Lange e encontram-se por sua vez na p. 493 da primeira Edição - disponível no Google.books aqui].



Carta enviada de Naumburg ao amigo Paul Deussen em Berlim, abril/maio de 1868:
"[...] Quem acompanha o curso das investigações pertinentes ao tema, especialmente da fisiologia desde Kant, não pode ter nenhuma dúvida de que aqueles limites [de nossas faculdades cognitivas, RL] foram constatados de forma tão segura e infalível que, exceto os teólogos, alguns professores de filosofia e o vulgo, ninguém mais tem ilusões quanto a isso. O reino da metafísica, por conseguinte a província da verdade “absoluta” foi inapelavelmente equiparada à poesia e à religião. Quem pretende saber algo deve se contentar agora com uma relatividade consciente do saber – como p. ex. todo cientista natural que faz jus ao nome. Para alguns homens a metafísica pertence ao domínio das necessidades espirituais [Gemüthsbedürfnisse], ela é essencialmente edificação. Por outro lado ela é arte, isto é, arte da ficção conceitual; deve-se observar, contudo, que a metafísica, seja enquanto religião, seja enquanto arte, nada tem a ver com o suposto 'verdadeiro em si ou ser em si'” (KSB, 2: p. 269).



Carta enviada de Naumburg ao amigo Paul Deussen em Berlim, outubro de 1867:
"[...] Meu caro amigo, para escrever uma apologia de Schopenhauer, tal como você me exorta a fazer em sua carta, tudo o que tenho a comunicar é que, após meus pés terem encontrado um solo firme, eu posso encarar esta vida de frente, de forma corajosa e livre. "A água do infortúnio", para dizê-lo figurativamente, já não me desvia de meu caminho, pois ela já não me atinge a cabeça.
Naturalmente, esta não é outra coisa senão uma apologia inteiramente individual. Mas este é o ponto em que nos encontramos. Eu sussurro no ouvido daquele que pretende refutar Schopenhauer com razões: “Mas meu caro, visões de mundo não são criadas nem destruídas pela lógica. Eu me sinto em casa nesta atmosfera e você naquela. Deixe que eu cuide de meu próprio nariz, assim como eu deixo que você cuide do seu.”

[...] se um escravo, estando na prisão, sonha ser livre e desobrigado de sua servidão, quem seria de coração tão duro a ponto de despertá-lo e dizer-lhe que se trata de um sonho? Quem o seria?...

Sentir-se um com um grande espírito, poder seguir sintonizado o curso de suas idéias, ter encontrado uma pátria do pensamento, um refúgio para horas de aflição, isso é o que temos de melhor – isso nós não queremos roubar dos outros, nem tampouco deixar que o roubem de nós. Seja isso um erro, seja uma mentira – " (KSB, 2: p. 229).



Carta enviada de Leizpig ao amigo Paul Deussen em Oberdreis, outubro de 1868
:
"[...] Ao remeter à conclusão de sua carta aproveito para tratar da proposta que me é feita lá. Caro amigo, “escrever bem” (caso eu mereça esse elogio: nego ac pernego) na verdade não autoriza alguém a escrever uma crítica do sistema schopenhaueriano: de resto, você não pode fazer a menor idéia do respeito que eu tenho por este “gênio de primeira categoria” caso atribua a mim (i. e. homini pusillullullo!) a capacidade de atirar às traças este gigante: pois espero que você entenda por uma crítica do sistema schopenhaueriano algo mais do que um mero chamar a atenção para passagens defeituosas, demonstrações malogradas e inabilidades táticas. Quanto a isso certo demasiado ousado Überweg e um Haym que na filosofia não está nada em casa crêem já terem resolvido tudo. Não se escreve em absoluto a crítica de uma visão de mundo: ela pode ser compreendida ou não, uma terceira perspectiva me é incompreensível. Aquele que não sente o odor de uma rosa não está autorizado a lhe fazer a crítica: e se ele o sente, à la bonheur! Pois ele perde com isso a vontade de criticar..." (KSB, 2: p. 328).




segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Da série: pequenas traduções que ocasionem grandes discussões

Me parece que uma das grandes omissões da pesquisa Nietzsche (principalmente da pesquisa feita no Brasil, mas isso vale também em grande medida para o que se faz no resto do mundo), tem sido em torno da correspondência do filósofo. Nietzsche dominou como poucos o gênero epistolar, se servindo deste meio com bastante frequência para compensar o considerável isolamento a que o seu estilo de vida errante o obrigava. Mas antes mesmo de se converter em um andarilho, Nietzsche se exercitou muito neste gênero de comunicação, o que não é nada surpreendente dadas as condições da época. Em todo caso, creio que temos à nossa disposição um riquíssimo material, que tem sido explorado quase exclusivamente pelos biógrafos do filósofo, o que de modo algum se justifica, exceto se queremos defender uma metodologia fanaticamente imanentista. Como hoje em dia não se encontra com muita frequência alguém disposto a defender (pelo menos abertamente) posição tão extremada, não me ocorre nenhum argumento que possa justificar esta sistemática omissão por parte dos pesquisadores.
Dentro da proposta de dinamizar este blog, tornando-o um espaço de discussão ágil e informal, proponho inaugurar uma seção dedicada à tradução (ou à tentativa de) de pequenos trechos da correspondência de Nietzsche que tenham relevância para a compreensão de seu percurso filosófico e de sua personalidade. Quem sabe esta iniciativa não estimule os jovens e talentosos tradutores ligados à nossa pesquisa Nietzsche a assumirem para si a tarefa de tradução da correspondência do filósofo? Mas o objetivo aqui é mais modesto e realista: fazer com que os leitores e colaboradores do blog se sintam estimulados a reagir ao material exposto à apreciação e à crítica, com comentários e sugestões de correção, mas também com traduções de material que julguem de interesse para a nossa discussão. Segue o primeiro experimento: uma carta do jovem Nietzsche, do período de Bonn, endereçada à irmã, e que tem alguma conexão com o que eu e o William vinhamos discutindo na seção de comentários, como reação ao meu post sobre Nietzsche e o kantismo. Esta é a primeira manifestação explícita de Nietzsche em relação aos compromissos fundamentais da vida intelectual. Nesta primeira manifestação, Nietzsche afirma claramente que estes compromissos excluem quaisquer considerações terapêuticas ou eudaimonísticas, o que aponta na direção do que eu chamei de evidencialismo extremado como uma posição recorrente nas considerações do filósofo acerca dos critérios éticos que devem orientar nossa atitude diante de nossas próprias crenças e dos processos que atuam na sua fixação. É evidente que aqui Nietzsche não está afirmando que estes critérios rigorosos devam se aplicar a todos, mas somente àqueles que se sentem comprometidos com a pesquisa da verdade, (e poderíamos talvez acrescentar: somente na medida em que estão envolvidos com a pesquisa da verdade). Mas não se pode negar que ele também dá a entender que a pesquisa da verdade não é um ofício, do qual nos desincumbimos ao deixarmos nossos laboratórios e gabinetes de trabalho, mas algo mais fundamental, que define uma forma de vida. Vejam como Nietzsche pode soar assustadoramente 'convencional' em relação à pesquisa da verdade e radicalmente comprometido com o ethos da moderna consciência científica numa idade em que ele mal havia iniciado a sua formação de filólogo.


Carta a Elisabeth Nietzsche em Colditz.

Bonn, no domingo seguinte à festa de Pentecostes (11 de junho de 1865)


Querida Lisbeth,

Depois de uma carta
tão graciosa e entretecida de poemas juvenis como a última que eu recebi de ti, seria injusto e ingrato deixá-la esperando ainda mais tempo por uma resposta; principalmente porque desta vez eu disponho de um rico material e é com grande satisfação que “rumino” no espírito a alegria desfrutada.
[...] No que diz respeito ao seu princípio de que o verdadeiro está sempre do lado do mais difícil, eu o concedo a você em parte. Contudo, é difícil conceber que 2 x 2 não seja 4; ele se torna por isso mais verdadeiro?

Por outro lado, é realmente tão difícil simplesmente aceitar tudo aquilo que nos foi ensinado e que aos poucos adquiriu raízes profundas, tudo aquilo que vale como verdade no círculo dos familiares e de tantos homens de bem e que, além disso, consola e enaltece efetivamente os homens? Tudo isso é mais difícil do que trilhar novos caminhos, em luta contra o hábito, na insegurança de seguir com independência, sob as constantes oscilações do ânimo e mesmo da consciência, frequentemente sem qualquer consolo, mas sempre com o perene objetivo do verdadeiro, do belo e do bom?

Trata-se então de obter aquela visão de Deus, mundo e reconciliação que nos faça sentir mais confortáveis? Para o autêntico pesquisador não seria, antes pelo contrário, inteiramente indiferente o resultado de sua investigação? Ao investigarmos estamos, por acaso, à procura de tranqüilidade, paz, felicidade? Não, apenas a verdade, ainda que ela seja repulsiva e feia no mais alto grau.

Ainda uma última questão: se nós tivéssemos acreditado desde a infância que toda salvação da alma provém de outra pessoa que não Jesus, de Maomé, por exemplo; não é certo que teríamos vivenciado as mesmas bênçãos? É certo que apenas a fé abençoa, não aquilo que de objetivo se encontra por trás da fé. Eu te digo isso, querida Lisbeth, apenas para confrontar os meios de prova mais usuais dos crentes, que apelam para suas experiências interiores e extraem delas o caráter indisputável de sua crença. Toda verdadeira crença é também indisputável, [pois] ela supre aquilo que a pessoa que tem a crença espera encontrar nela; mas a crença não oferece o menor suporte para a fundamentação de uma verdade objetiva.

É aqui então que os caminhos dos homens se separam; se você quer aspirar à tranqüilidade da alma e à felicidade, então creia; se você quer ser um discípulo da verdade, então investigue.

Entre estes extremos há uma quantidade de pontos de vista intermediários. Trata-se, contudo, do fim principal. [...] (Carta de número 469, tradução parcial a partir de KSB, 2: pp. 60-61).

sábado, 29 de janeiro de 2011

Nietzsche e o kantismo: duas questões negligenciadas pela literatura secundária

Dois temas me parecem ausentes na boa literatura secundária sobre Nietzsche e o kantismo publicada na última década e que eu espero poder discutir mais pormenorizadamente aqui neste blog no decorrer do ano (eu tenho em mente os seguintes autores: M. Green, K. Hill, M. Riccardi, P. Bornedal, T. Doyle)
Os temas pelos quais tenho me interessado e que me parecem ausentes desta discussão são os sguintes:
(1) A crítica que Nietzsche dirige aos pressupostos do que poderíamos chamar, recorrendo a uma expressão que a polêmica entre W. Clifford e W. James tornou célebre, de ética kantiana da crença (em especial da crença moral). Este tema tem uma importante conexão com o que cada um deles (Kant e Nietzsche) supõe que são as implicações práticas de certas variedades de ceticismo epistemológico. Nietzsche acusa Kant de recorrer ao ceticismo epistemológico para imunizar nossas intuições ou convicções morais tradicionais, no sentido de autorizar o agente moral a adotar crenças que não são epistemicamente confiáveis, mas que atendem a um suposto interesse da razão prática. Se esta é a posição de Nietzsche, isso significa que deveríamos atribuir a ele a defesa de uma posição rigorista no que se refere à ética da crença moral, pois ele parece estar recomendando (ou mesmo prescrevendo) que sejamos absolutamente rigorosos em relação às credenciais epistêmicas de nossas crenças morais, o que não é de modo algum uma exigência do kantismo, que autoriza algumas crenças cujo estatuto é de mera razoabilidade, mas que tem forte apelo intuitivo. Creio que Tugendhat tinha isso em mente ao afirmar que Nietzsche teria cometido o equívoco de submeter a consciência moral. às exigências da consciência intelectual, invertendo o que ele supõe que deveria ser a correta hierarquia entre valores epistêmicos e valores morais. A minha dúvida é se Nietzsche de fato defende algo como um rigorismo (evidencialismo extremado) no campo da ética da crença, ou se ele adota esta posição apenas para poder montar um argumento ad hominem contra a filosofia moral de Kant. Em outra ocasião eu defendi esta última alternativa ao comentar o aforismo 335 de A Gaia Ciência, mas a solução não me convenceu plenamente. No aforismo 335 Nietzsche procura explorar contra Kant a concessão que este mesmo faz (e que concorda com as posições de Nietzsche) de que nenhum agente moral tem acesso epistêmico às suas motivações últimas, o que na ótica de Kant é uma razão a mais para adotarmos o formalismo (ou seja, a consideração exclusiva da qualidade formal da máxima) como foco da avaliação moral e abandonarmos a perspectiva da análise introspectiva dos motivos, dada a obscuridade do coração humano, etc. Nietzsche entende que esta condição é incontornável, mas que a conclusão que se segue é que deveríamos suspender nosso juízo moral sobre as ações e sobre as pessoas. Aqui há uma sofisticada estratégia de contestação do kantismo em ética, uma estratégia que conduz ao amoralismo a partir de premissas epistêmicas, o que nem sempre é o caso, obviamente. Na maioria das vezes Nietzsche argumenta pelo amoralismo a partir de premissas relacionadas à defesa de valores vitais ou então quase religiosos (como nos casos em que ele argumenta por uma atitude inteiramente afirmativa que é identificada com o amor fati, por exemplo).
(2) O segundo tema que tem me interessado e que tem estado ausente da boa literatura secundária sobre Nietzsche e o kantismo a que fiz referência acima é o da estrutura formal do argumento transcendental. Creio que em um sentido fraco e modesto, que é o modo com contemporaneamente alguns filósofos consideram que ainda é possível mantermos a pretensão de construir bons argumentos transcendentais, nós poderíamos encontrar pelo menos uma ocorrência de argumento transcendental em Nietzsche, em alguns fragmentos póstumos nos quais ele defende o primado do corpo: neste contexto ele é seduzido pela possibilidade de construir com base nesta noção um argumento que reivindica para o mesmo o status de imprescindível. O argumento tem mais ou menos a seguinte estrutura: de todos os componentes da minha experiência, o mais saliente é o fato de que ela é uma experiência que se dá pela mediação corporal. De todos os elementos primitivos da experiência, o corpo é aquele para o qual temos as melhores razões para reivindicar a condição de imprescindível, no sentido de que é a nossa crença mais antiga e mais inerradicável. Tentar imaginar uma experiência da qual o corpo não fosse um componente seria o mais arduo dos exercícios filosóficos, no sentido de que seria o experimento mais radical de revisionismo metafísico. Creio que este é o critério para se considerar um candidato a argumento transcendental: ele funda uma reivindicação de indispensabilidade, certamente não para o conhecimento, mas para a experiência, no sentido mais básico. Creio que a associação frequente e quase imediata que se faz entre argumento transcendental e idealismo transcendental (uma associação que nada deve à estrutura formal do argumento, mas ao fato de que Kant tenha usado o primeiro para defender o segundo) nos cegou para a possibilidade de que esta fosse uma questão legítima a ser colocada para a filosofia de Nietzsche. É claro que esta é apenas uma das razões. A razão mais forte é que Nietzsche dominou como ninguém antes dele a arte de transformar reivindicações transcendentais em hipóteses genealógicas, o que foi uma verdadeira subversão do kantismo. Mas creio que não seria desmerecer a originalidade de Nietzsche como genealogista se chegassemos à conclusão de que ele considerou a possibilidade de argumentos transcendentais serem filosoficamente relevantes, mesmo que ele jamais tenha se decidido a publicá-los (o que está mais de acordo com seu temperamento epistemicamente cauteloso e avesso a apriorismos).
É isso. Alguém tem algum bom palpite sobre estes dois temas ou uma boa sugestão de leitura? Tendo em vista o interesse recente pelo tema mais geral sobre Nietzsche e o kantismo e o volume de publicações que isso tem gerado, é possível que eu tenha me esquecido de algum autor e cometido alguma grave omissão.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Alguns congressos sobre Nietzsche esse ano em solo europeu

Aqui vão algumas informações sobre alguns congressos que ocorrerão no início e meados desse ano na Europa. É possível ter uma visão mais ou menos geral de quais são os temas centrais discutidos atualmente na pesquisa Nietzsche em solo europeu.

Em primeiro lugar, a relação entre Nietzsche e Kant continua sendo um dos focos dos debates da atual Nietzsche-Forschung, principalmente de língua inglesa; e não somente no que tange as reflexões sobre teoria do conhecimento e a já constatada herança kantiana do Nietzsche epistemólogo, mas também no que diz respeito aos pontos de contato e às rupturas entre as reflexões éticas de Nietzsche e a ética kantiana. Esse é o tema do workshop que ocorrerá mês que vem na Universidade de Leiden, na Holanda: “Nietzsche the Kantien? Reading Nietzsche and Kant on the Sovereign Individual, Freedom and the Will”, nos dias 11 e 12 de fevereiro.

O workshop é o primeiro de uma série que será realizada em várias universidades européias sobre a relação entre Nietzsche e Kant. O objetivo é trazer uma luz na compreensão da relação entre os dois filósofos no campo da ética, principalmente no interior dos debates da literatura de língua inglesa acerca das suas concepções de “soberania”, “liberdade” e “vontade”. Os workshops pretendem apresentar uma resposta crítica à idéia corrente de que, apesar de suas críticas às noções de vontade livre, responsabilidade moral, causalidade intencional e à noção mesma de sujeito, Nietzsche seria tributário de uma noção kantiana de ação que admite um certo sentido positivo de liberdade, responsabilidade e causalidade intencional, e fundaria uma ética positiva com base nessa noção. O workshop a ser realizado em fevereiro se concentrará nos últimos escritos e desafiará a ênfase dada correntemente à passagem sobre o “indivíduo soberano” na Genealogia da moral, abrindo a discussão para as considerações de Nietzsche sobre a “vontade”, “liberdade” e “soberania” em outras passagens de sua obra publicada e não publicada. O workshop buscará ainda corrigir a caricatura de Kant que o próprio Nietzsche e alguns comentadores apresentam frequentemente e colaborar assim para uma confrontação mais sofisticada e frutífera com Kant e as posições kantianas.

Programa:

Friday 11 February

14.00-15.15 Marco Brusotti (Berlin/Salento), 'Nietzsche on Action and the
Will'

15.45-17.30 Tom Bailey (John Cabot and LUISS, Rome), 'Nietzsche's Kantian
Will', & Herman Siemens (Leiden), 'Kant's "Respect for the Law"
as "Feeling of Power": On (the Illusion of) Sovereignty'

Saturday 12 February

9.00-10.15 Paul Katsafanas (Boston), ‘Nietzsche and Kant on the Passions’

10.45-12.00 Simon Robertson (Stirling), ‘Nietzsche versus Kant on Moral
Psychology and Normativity’

13.15-14.30 João Constancio (Lisbon), 'Nietzsche on Freedom as Autonomy'

15.00-16.15 Sieriol Morgan (Bristol), ‘Naturalism and the First-Personal
Foundations of Kantian Ethics'

16.45-18.00 Luca Lupo (Calabria), 'Willing and Time in Nietzsche's
Twilight of the Idols'

Para mais informações e para ler os resumos das comunicações:

http://hum.leiden.edu/philosophy/news-agenda/nietzsche-the-kantian.html

(o texto aqui apresentado é uma versão do texto disponível no site da Universidade de Leiden)


Outro congresso que ocorrerá em meados desse ano em solo europeu é o Congresso Internacional da Nietzsche-Gesellschaft em Naumburg. Trata-se de um congresso bienal no qual são realizadas até 6 sessões diversas de apresentação de trabalhos e discussões. Esse ano, o congresso será realizado entre os dias 01 e 03 de julho e terá como tema: “Nietzsche und das Unbewusste” (Nietzsche e o inconsciente).

A filosofia do inconsciente de Nietzsche é uma pedra miliária no caminho que conduz à modernidade. Entretanto, suas críticas avassaladoras à filosofia da consciência e a inquietante repercussão destas no âmbito da filosofia moral, da teoria do conhecimento, da cultura e da teoria da cultura, ainda não foram sondadas historicamente e sistematicamente de forma satisfatória, tão pouco suas adaptações nas artes visuais, na literatura, na ópera e na música. Diante da conjuntura atual de modelos explicativos psicológico-cognitivos, a filosofia do inconsciente de Nietzsche adquire cada vez mais uma atualidade incontestável na medida em que tem o potencial para funcionar como corretivo crítico frente um naturalismo unilateral e reducionista.

A filosofia do inconsciente de Nietzsche levanta questões sobre a relação entre o “eu” e o “si mesmo” e sobre os limites entre intencionalidade e racionalidade, o papel dos impulsos, instintos e afetos na cultura, assim como sobre as consequências psíquicas e culturais de seu recalcamento e as formas de expressão e representação de energias físicas e psíquicas nas artes. A esse âmbito de problemas pertence ainda a relação entre Nietzsche e a psicanálise, a psicologia, a psicofísica e os gender studies.

São bem vindas contribuições que analisem a filosofia do inconsciente de Nietzsche em suas diversas matizes e reflitam assim sobre sua proximidade e diferença com relação à teoria do inconsciente de Freud, mas que acompanhem também as vertentes tradicionais de Leibniz até o presente. Alguns dos principais conferencistas são Jutta Georg, Günter Gödde, Enrico Müller, Jacques Le Rider e Jean-Claude Wolf.

Para mais informações e para visualizar o programa (que deve estar disponível a partir de meados de maio, quando terminam as inscrições para o congresso):

http://www.nietzsche-gesellschaft.de/veranstaltungen/jahrestagung/

http://www.nietzsche-news.org/index.php?page=nnc/news&id=3059

(o texto aqui apresentado é uma versão do texto disponível no site do Nietzsche-News)


Por fim, ocorrerá novamente em julho desse ano, entre os dias 13 e 15, o congresso internacional do GIRN (Grupo Internacional de Investigações sobre Nietzsche), cujo tema será: “Os prefácios de Nietzsche”. Dessa vez, o congresso será realizado em Greifswald e será ocasião para a despedida do professor Werner Stegmeier, que deixa sua função na Ernst-Moritz-Arndt-Universität Greifswald. O programa é composto em sua maior parte por debates, cujos temas são, respectivamente: “Os cinco prefácios para cinco livros não escritos (1872)”, “Os prefácios para as primeiras edições”, “'O prefácio de Zaratustra' como prefácio” e “Os cinco prefácios para os livros publicados anteriormente (1886)”. O programa conta ainda com uma abertura sobre os prefácios de Nietzsche como problema da Nietzsche-Forschung, o relato dos membros do GIRN sobre suas pesquisas atuais, duas confrontações sobre os temas: “Um filósofo precisa de uma 'tarefa'?” e “Precisamos de uma hierarquia?”, e duas conferências sobre os temas: “O experimento filosófico de Nietzsche com a forma literária do prefácio” e “O ofício da filosofia”, sendo esta última a conferência de despedida do professor Werner Stegmeier.

Para visualizar o cartaz e a programação provisória do congresso:

http://www.europhilosophie.eu/recherche/spip.php?article540




sábado, 15 de janeiro de 2011

Notável versão de Eumir Deodato para "Also Sprach Zarathustra"

Para começarmos o ano com o pé direito nada melhor do que uma música de inspiração nietzscheana com um toque brasileiro. Com vocês a inovadora releitura de Eumir Deodato para "Also Sprach Zarathustra" (aqui), de Richard Strauss, na memorável gravação de 1973 para a CTI, em seu album de estréia, "Prelude", cortesia do youTube. Esta peça foi uma das responsáveis por tornar Deodato um dos arranjadores mais admirados e requisitados no cenário internacional das últimas décadas, com uma carreira que faz dele o nome mais eclético, versátil e polivalente da música 'brasileira' (se me permitirem esse uso um tanto licencioso do adjetivo). Apreciem com moderação.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

As impressões do garoto Nietzsche sobre a noite de natal, em versão trilíngue.

Como despedida de 2011 gostaria de compartilhar com vocês um pequeno fragmento extraído do primeiro ensaio autobiográfico redigido por Nietzsche em 1858, na idade de 14 anos. O ensaio é intitulado Aus meinem Leben e pode ser lido na íntegra no vol. I da edição BAW, de Hans Joachim Mette (Frühe Schriften) ou no vol. I/1 da KGW, ou então aqui. Neste pequeno trecho do ensaio o garoto Nietzsche busca um registro literário de suas impressões da noite natalina. Quem tiver a curiosidade de ler o ensaio na íntegra perceberá que a reflexão de Nietzsche sobre as impressões da noite natalina procura associar estas impressões às impressões mais gerais evocadas (nele) pelas noites de inverno, que ele contrasta com as noites de verão (muito menos evocativas, segundo ele). As determinantes climáticas fornecem uma espécie de moldura para esta descrição de impressões que, considerada isoladamente, parece ater-se exclusivamente às condicionantes culturais presentes nesta noite impar para toda a cristandade.
O pequeno fragmento chamou a atenção do professor Giuliano Campioni, que o repassou na forma de um cumprimento natalino aos colegas da pesquisa Nietzsche (na versão italiana). O professor Ernani Chaves o encaminha a todos nós, com a gentil tradução para o português de Allan Davy Santos Sena (Mestrando em Filosofia pela UNICAMP). A todos eles o nosso muito obrigado. Este blog deseja a todos os seus leitores boas festas e um esplêndido 2011, e que cada um de nós possa querer aprender sempre mais a ver como belo aquilo que é necessário nas coisas, para assim nos tornarmos um daqueles que tornam belas as coisas. Amor fati, que seja este, de ora em diante o nosso amor. Com vocês o garoto Nietzsche em versão trilíngue, com os cumprimentos de nosso grande mestre, prof. Giuliano Campioni:

Cari amici
un pensierino di Natale del fanciullo Nietzsche che sempre aspettava con impazienza questa santa festività.
Chi avrebbe immaginato che il "piccolo pastore" sarebbe divenuto il filosofo dell'Umwertung?
UN ABBRACCIO E FELICI FESTE.
Campioni

(versão italiana)
La festa di Natale rimane la sera più felice dell'anno. Con gioia davvero traboccante io l'attendevo da gran tempo, ma negli ultimi giorni non stavo più nella pelle, contavo i minuti, e le giornate mi sembravano lunghe come mai durante l'anno. Una volta - questo è curioso –, in preda a una particolare impazienza, mi scrissi subito una lettera di Natale, trasportandomi addirittura con la fantasia in quel momento in cui la porta si sarebbe aperta e l'albero di Natale ci avrebbe abbagliati
sfavillante. In un piccolo saggio d'occasione così scrivevo: « Com'è magnifico l'abete che ci sta davanti con la cima ornata da un angelo, allusione all'albero genealogico di Cristo, la cui corona era il Signore in persona. Come risplendono i numerosi lumi, che rappresentano simbolicamente il chiarore nato tra gli uomini grazie alla nascita di Cristo. Come ci sorridono invitanti le mele rubiconde, che ricordano la cacciata dal Paradiso! E guarda! Alle radici dell'albero, Gesù bambino nella mangiatoia, circondato da Giuseppe e Maria e dai pastori adoranti! Che sguardi pieni di fede ardente gettano sul bambino! Voglia il Cielo che anche noi ci abbandoniamo con tale dedizione al Signore! » - - Quello del compleanno è un giorno simile, anche se non così splendido. Ma per quale ragione non ci sentiamo così pervasi di gioia come per il Natale di Cristo? In primo luogo, manca del tutto quell’alta significazione, che eleva questa festa al di sopra di ogni altra. E poi il Natale non riguarda solo noi stessi, bensì tutta l'umanità in generale, poveri e ricchi, grandi e meschini, illustri e oscuri. Ed è proprio questa gioia universale che aumenta quella nostra personale. Se ne può parlare con tutti, tutti gli uomini sono in certo modo uniti in una comune attesa. Si pensi poi alla sua collocazione, che rende il Natale per così dire il culmine dell'anno, si pensi a quell'ora notturna, quando l'anima è in genere assai più eccitata, e infine l'eccezionale solennità con cui questa festa viene celebrata. La festa del compleanno ha un carattere più familiare, mentre il Natale è la festa della cristianità intera. Con tutto ciò, io amo assai il mio genetliaco…
Friedrich Nietzsche (1858)

(versão portuguesa)
Tradução: Allan Davy Santos Sena (Mestrando em Filosofia, UNICAMP).

A festa de Natal é a noite mais feliz do ano. Durante um longo tempo, eu a aguardava com alegria realmente transbordante, mas nesses últimos dias, eu já não estava mais agüentando, contava os minutos, e os dias me pareciam longos como nunca. Uma vez – isso é curioso – tomado de uma impaciência particular, escrevi subitamente uma carta de Natal, transportando-me inteiramente para a fantasia daquele momento em que a porta seria aberta e a árvore de Natal cintilaria de maneira deslumbrante. Assim escrevi em um pequeno ensaio na ocasião: “Como é magnífica essa árvore com o cume ornado com um anjo, alusão à árvore genealógica de Cristo, cuja coroa é o Senhor em pessoa. Como resplandecem as numerosas luzes, que representam simbolicamente a chama nascida entre os homens graças ao nascimento de Cristo. Como nos sorri tentadoramente as maçãs vermelhas, que lembram a expulsão do Paraíso! E olha! Na raiz da árvore, o menino Jesus na manjedoura rodeado por José e Maria e os pastores em adoração! Que olhar pleno de fé ardente lançam sobre o menino! Queira os céus que nós também nos abandonemos com tal devoção ao Senhor!” – – O dia de aniversário é um dia semelhante, embora não tão esplêndido. Mas por qual razão não nos sentimos tão repletos de alegria como pelo dia de nascimento de Cristo? Em primeiro lugar, falta toda aquela grande significação, que eleva essa festa acima de todas as outras. Em seguida, o Natal não diz respeito apenas a nós mesmos, mas a toda a humanidade em geral, pobres e ricos, grandes e pequenos, ilustres e desconhecidos. E é próprio desta alegria universal aumentar a nossa pessoal. Ela pode falar a todos, todos os homens são de certo modo unidos em uma expectativa comum. Pense, em seguida, em sua localização, que torna o Natal, por assim dizer, o ponto culminante do ano, pense naquela hora da noite, quando a alma está em geral muito mais animada, e enfim a solenidade com que esta festa é celebrada. A festa de aniversário tem um caráter mais familiar, enquanto que o Natal é a festa da cristandade inteira. Contudo, eu amo bastante o meu aniversário...

(Friedrich Nietzsche, 1858, aos 14 anos).

E, finalmente, a versão original alemã:

Aber doch bleibt das Weihnachtsfest der seligste Abend des Jahr[es]. Mit wahrhaft überseliger Freude harrte ich schon lange darauf aber die letzten Tage konnte ich kaum mehr warten, Minute für Minute verging und so lang kamen mir die Tage wie im ganzen Jahre nicht vor. Eigenthümlich war, daß, wenn ich ein mal rechte Sehnsucht hatte, mir alsbald einen Weihnachtszettel schrieb und mich dadurch förmlich in den Augenblick hineinversetzte, an dem sich die Thür öffnete und der leuchtende Christbaum uns entgegenstrahlte. In einer kleinen Festschrift schrieb ich hierüber: "Wie herrlich steht der Tannenbaum dessen Spitze ein Engel ziert, vor uns, hindeutend auf den Stammbaum Christi, dessen Krone der Herr selbst war. Wie hell strahlt der Lichter Menge, sinnbildlich das durch die Geburt Jesu erzeugte Hellwerden unter den Menschen vorstellend. Wie verlockend lachen uns die rothwangigen Äpfel an, an die Vertreibung aus dem Paradies erinnernd! Und siehe! An der Wurzel des Baumes das Christkindlein in der Krippe; umgeben von Josepf und Maria und den anbetenden Hirten! Wie doch jene den Blick voll inniger Zuversicht auf das Kindlein werfen! Möchten doch auch wir uns so ganz dem Herrn hingeben!"— — — Wenn nicht ganz so herrlich, aber doch ähnlich ist das Geburtstagsfest. Aber was ist die Ursache, daß wir nicht so wie am Christfest von Freude durchdrungen sind? Erstens fehlt ganz jene hohe Bedeutung, die dies erstgenannte über alle andern Feste erhebt. Dann aber betrifft es nicht nur uns allein, sondern überhaupt die gesammte Menschheit, Arme und Reiche, Kleine und Große, Niedrige und Hohe. Und gerade diese allgemeine Freude vermehrt unsre eigne Stimmung. Kann man sich doch mit jeden darüber besprechen, sind ja doch alle Menschen gleichsam Mittharrende. Dann beachte man auch die Lage, so daß es, so zu sagen, den Culminationspunkt des Jahres bildet, bedenke man jene nächtliche Stunde, wie überhaupt die Seele am Abend viel erregter ist, und endlich jene ganz ausergewöhnliche Feierlichkeit, mit der dieses Fest geehrt wird. Das Geburtstagsfest ist mehr Familienfest, Weihnachten ist aber das Fest der gesammten Christenheit. Aber dennoch habe ich meinen Ehrentag sehr lieb...

sábado, 11 de dezembro de 2010

Um espaço informal para o debate em torno da pesquisa Nietzsche

Um dos objetivos do Grupo Nietzsche da UFMG para 2011 é investir na dinamização deste Blog, que até o momento tem funcionado como a maior parte dos blogs acadêmicos, ou seja, como um espaço para o compartilhamento de informações acerca de eventos relativos à pesquisa que nos concerne. Isso significa, no meu entendimento, que o blog tem sido subaproveitado em seu imenso potencial de espaço alternativo, informal, essencialmente ágil e dinâmico, que permite uma interação entre pesquisadores de diversas procedências e que pode vir a se constituir em uma arena para a confrontação agonística das diversas perspectivas em torno da obra de Nietzsche que cada pesquisador ou centro de pesquisa tende a desenvolver em relativo isolamento. A confrontação de perspectivas interpretativas ocorre tradicionalmente nos eventos acadêmicos (congressos, simpósios, colóquios, etc), no caso de estes serem bem-sucedidos. Mas por mais bem-sucedidos que tais eventos sejam, não há como driblar os constrangimentos de tempo, que são cada vez mais rigorosos e impõem limites consideráveis à interação entre os pesquisadores. Além disso, esta interlocução se dá na maior parte das vezes em uma etapa em que o pesquisador já tem suas convicções cristalizadas e as comunica na forma de um ensaio, ou seja, em uma etapa em que o processo da pesquisa propriamente dita, com tudo aquilo que é constitutivo desta etapa, ou seja, as indefinições, hesitações, reformulações e abertura para outras vozes, cede lugar ao ritual da prova. Como bons nietzscheanos, devemos nos lembrar da desconfiança que Nietzsche nutria pelo ritual da prova (que ele tendia a identificar com o gosto filosófico pela dialética): embora este seja um ritual constitutivo da forma de vida filosófica (pois é nele que se dá o esforço de justificação racional), é nele também que o filósofo está mais exposto à sedução da impostura e da teatralização. Creio que se bem explorado, o blog permite antecipar o momento da interlocução e incorporá-la de forma mais eficaz e definitiva às diversas etapas da pesquisa e da redação de nossos ensaios filosóficos, criando uma maior interação entre os pesquisadores e os centros de pesquisa. Mas o pressuposto para que isso ocorra é que cada pesquisador esteja disposto a expor seu trabalho em uma etapa em que ele ainda se configura como uma work in progress. Mas como leitores de Nietzsche já deveríamos ter cultivado em nós tal disposição, pois no fim das contas todos os nossos trabalhos são work in progress. O ponto é: em que medida nossos trabalhos podem, ou em que medida nós queremos que eles progridam em rede? Se a proposta de dinamização deste blog for levada a bom termo, então teremos aqui uma espécie de diário de bordo da pesquisa Nietzsche, escrito a muitas mãos. Nietzsche concebia a condição epistêmica do moderno homem do conhecimento a partir da metáfora da navegação, uma metáfora que ele explorou e variou indefinidamente e que teve ampla acolhida no século XX. O fato de não haver terra a vista e de estarmos condenados a reparar nossa embarcação em alto-mar é uma razão a mais para sermos obsessivamente meticulosos em nossos diários de bordo. Lancemo-nos ao novo infinito.
Questões práticas: Para que a coisa funcione em termos práticos, eu sugiro que os usuários do blog proponham temas em torno dos quais o debate pode se desenvolver. Estes temas podem ser suscitados por livros recém-lançados no mercado, ou pelo interesse de cada usuário, que fica então responsável por propor uma primeira abordagem para o mesmo. No primeiro caso, podemos pensar em uma modalidade de resenha coletiva de livros que tenham impacto na recepção contemporânea de Nietzsche, ou mesmo de artigos que julgarmos relevantes. No segundo caso, o pontapé inicial de uma discusão pode vir da primeira versão de um ensaio que esteja sendo redigida por um dos usuários (caso ele se anime a compartilhá-la com os demais usuários e colaboradores do blog). Enfim, podemos pensar em uma varieade de modelos. Sugiro que as contribuições sejam enviadas para a seção de comentarios, e sejam posterioamente incorporadas às postagens (se for o caso e o desejo do usuário) pelos três moderadores do blog: este que vos escreve, e os nossos caros Oscar e William, este úlitmo nosso enviado internacional, que no momento está às voltas com sua dissertação de mestrado na Alemanha.
Espero que todos se sintam motivados a participar. Em breve irei postar uma primeira versão de minha resenha do livro de Losurdo (Nietzsche, o rebelde aristocrata: biografia intelectual e balanço crítico, traduzido pela editora Revan em 2009). Creio que é um tema bastante polêmico e que pode funcionar como um bom laboratório para testar a nova ambição do blog, de funcionar como uma arena para a confrontação agonística de perspectivas interpretativas. Espero que ele não tenha o destino do famoso Pestana, o compositor de polcas eternizado por Machado de Assis no conto "Um homem célebre" (1888), cruelmente descrito como a "eterna peteca entre a ambição e a vocação".

Marco Abade defende sua dissertação sobre O Anticristo

Sexta-feira próxima (dia 17 de dezembro) encerraremos as atividades nietzscheanas de 2010 na UFMG com a defesa de Dissertação de nosso prezado Marco Júnio Abade, intitulada "O cristianismo como religião da décadence e contrária aos impulsos vitais em O Anticristo, de Nietzsche". A pesquisa de Abade foi orientada pelo prof. Verlaine Freitas e a banca examinadora será composta pelo prof. Olímpio Pimenta (UFOP) e por este que vos escreve. A Defesa terá lugar na FAFICH, a partir das 14:00h.
Para os membros do Grupo Nietzsche que estiverem presentes à Defesa será uma ocasião para fecharmos com chave de ouro um ano bastante movimentado.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Boas vindas à revista Estudos Nietzsche

Está no ar o primeiro número da revista Estudos Nietzsche, uma iniciativa do GT Nietzsche da Anpof. Com vocês a carta de princípios publicada no site pelos editores, os professores Antonio Edmilson Paschoal e Ernani Pinheiro Chaves:

A revista Estudos Nietzsche é uma publicação do Grupo de Trabalho Nietzsche (GT-Nietzsche) da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (ANPOF) em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Sua proposta é levar a público artigos sobre o pensamento do filósofo alemão, traduções de textos inéditos, bem como apresentações (resenhas) de obras recentes relevantes sobre Nietzsche. Seu objetivo é, por conseguinte, tornar-se um ambiente de debate para pesquisadores especialistas da filosofia nietzscheana e, ao mesmo tempo, uma fonte para estudiosos interessados no pensamento do filósofo alemão. Com periodicidade semestral, a revista Estudos Nietzsche é publicada em português, ampliando o acervo de trabalhos disponíveis neste idioma. Os textos apresentados em outros idiomas serão traduzidos, quando for o caso, ou publicados na língua original, quando se tratar de língua de origem latina ou inglês. Os trabalhos devem seguir o exigido rigor filosófico e metodológico no que diz respeito ao tratamento dos escritos do filósofo alemão, observando aspectos como a inserção em determinados debates já estabelecidos, o atual estágio das pesquisas sobre o tema trabalhado, a periodicidade dos textos do filósofo utilizados, bem como o uso de material fidedigno e já submetido à crítica, no que diz respeito às fontes, fragmentos póstumos, cartas, etc.

Constituída para promover a pesquisa e a discussão sobre aspectos internos do pensamento de Nietzsche, a revista Estudos Nietzsche se propõe, também, a desdobrar a tarefa crítica proposta pelo filósofo em relação, por exemplo, à metafísica e à moral, tendo em vista a inserção de seu pensamento no conjunto da história da filosofia nos séculos XX e XXI. Desta forma, a revista é mais um meio para a concretização da proposta que levou à criação do GT Nietzsche: incentivar a investigação e o debate sobre a contribuição do pensamento de Nietzsche, bem como a sua articulação com questões da atualidade.

fonte: Estudos Nietzsche

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Prêmio ANPOF 2010



O processo de seleção da melhor tese e da melhor dissertação de filosofia do biênio 2008-2009 foi concluído na última sexta-feira pela Comissão de Seleção do Prêmio ANPOF, com reunião presencial no Rio de Janeiro.O resultado final foi o seguinte:


Melhor Tese: "Ceticismo e vida contemplativa em Nietzsche"
Autor: Rogério Antônio Lopes (sob a orientação de José Raimundo Maia Neto, defendida no Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFMG).

Mereceram menção honrosa da comissão de pareceristas as teses "Nietzsche: ensaio de uma pedagogia messiânica", de Fabiano de Lemos Brito, orientada por Ricardo Barbosa (UERJ), e "Solipsismo, solidão e finitude: algumas lições de Strawson, Wittgenstein e Cavell", de Jônadas Techio, orientada por Paulo Faria (UFRGS).

Autora: Geovana da Paz Monteiro (sob a orientação de Olival Freire Júnior, defendida no Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFBA).

Mereceu menção honrosa da comissão de pareceristas a dissertação "Tópicos em teoria de quase-conjuntos e filosofia da física quântica", de Jonas Rafael Becker Arenhart, orientada por Décio Krause (UFSC).

fonte: Boletim ANPOF

P.S. O Grupo Nietzsche aproveita para tornar pública sua alegria pela conquista do amigo Rogério Lopes, reafirmando se tratar de um justo reconhecimento não só do esforço empenhado, mas sobretudo da qualidade e relevância de seu trabalho. Além disso, fica o sinal de que a pesquisa-Nietzsche brasileira cada dia mais se afirma como sólida, madura e promissora. 


quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Estória infame de um encontro improvável

Para quem estiver precisando de um pouco de descontração e descanso, vale um pequeno intervalo nos trabalhos para conferir as tirinhas do carioca Carlos Ruas protagonizadas por nosso caro filósofo (clique na imagem abaixo para ver todas).


Além de Nietzsche, outros interlocutores um tanto quanto inusitados aparecem para uma conversa com Deus, num sábado qualquer.

www.umsabadoqualquer.com